Sexta-feira, 19.03.10
A iniciativa de limpar Portugal num dia é, sem margem para qualquer dúvida, excelente. Penso, se a memória não me atraiçoa, que terá sido na Estónia onde a iniciativa mobilizou um sem fim de gente acabando num saldo positivo onde mais de 80% das florestas do país ficaram num brinquinho. Por cá, o muito que se consiga limpar nunca será o suficiente para libertar as florestas, bosques ou qualquer espaço verde pouco maior que um quintal da praga que é a imbecilidade de alguns, porque no dia seguinte -se não no mesmo- alguma carcaça de televisor, colchão ou saco de lixo aí estará, porque na mente imunda 'alguém há-de limpar'.
Nenhum parque natural escapa: o da Arrábida é disso um imundo exemplo. A começar nas praias e a acabar no topo da serra de S.Luís. Setúbal é uma cidade porca, com todas as letras. Lisboa, não lhe fica atrás, embora não sirva de consolo. As autarquias gemem porque não têm dinheirito, mas gemem sempre; alegram-se em idiota expansão imobiliária no típico vale-tudo. Dizem não ter verbas, mas nada fazem para que as coimas que apregoam sejam efectivas. As cidades são feitas de gente e estas fazem as cidades. Pescadinha de rabo na boca.
Portugal e alguns portugueses precisariam de facto de uma grande, enorme limpeza de primavera. Sobretudo mental. O que gostamos mesmo é de escarreta no chão.

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Domingo, 14.03.10

'O ministro das Finanças anunciou hoje a possibilidade de o PEC cortar nos subsídios de desemprego com o objectivo de estimular o regresso à vida activa.'
diz na TSF.
Mas qual vida activa se a vida está e continua inactiva para mais de meio milhão (os que constam na estatística, fora os outros) ? E que 'proactividade' será essa a que o ministro se refere? Acaso haverá quinhentos mil indolentes, acomodados à situação e alegres por dependerem de uma 'mesada' a prazo? Certamente que não. Simplesmente não existem alternativas suficientes neste pedaço de mercado, por muito que um tipo seja 'proactivo'. Vamos então importar o modelo americano, na base do 'tudo o que vem da américa é bom'? Viu-se. Provavelmente iremos, antes, assitir a uma onda de emigração, do tipo de há três/quatro décadas. Para onde, será o problema adicional. Um tipo com quarenta/cinquenta anos não é 'proactivo'? É. E reactivo também. E também tem memória; memória para se lembrar que por menos, em vários pontos deste mundo, já se fizeram revoluções. E não foram de flores.
A azia é geral, o desencanto é universal. É o risco.
De pouco serve parafrasear Edwards Deming: 'todos os modelos estão errados, alguns são úteis.', porque, na verdade, já lá não vamos com 'modelagem'.

Créditos: imagem tsf.pt


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Quinta-feira, 11.03.10

Admirável trabalho este da base de dados de Portugal contemporâneo: Pordata

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Segunda-feira, 08.03.10
pedimos desculpa por esta interrupção, os carris seguem dentro de momentos.

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Em 1910, o dia 8 de Março instituiu-se como o 'dia da Mulher'. Cem anos, portanto.
Um século depois há ainda muito por corrigir, seja na atitude e no constante rótulo de 'ineficácia' -seja qual for a cor do cabelo- na fraca -premeditada pela outra metade- representação em cargos públicos ou empresarial seja ainda pela omissão na memória histórica, de muitas delas com relevo, que, para alguns convém até que se quedem pelo forçado esquecimento.
Claro que, se entre essas, existirem medidas padronizadas 86-60-86, então o esquecimento dá lugar a poster de garagem e aí toda a gente se recorda. Cruel e redutora, a ditadura do corpo, passa pelo bonitinho olho azul, o cabelito louro e um peso-pluma que não exceda os quarenta e cinco quilos. Este é o padrão de cobrança da sociedade; algo tipo 'reservado o direito de admissão'.
A posição cretina de algum 'mundo macho', que insiste na aberrante marca social da inferioridade feminina, não mudou radicalmente ao fim de um século. Se tivesse efectivamente mudado dessa forma, não teriam desaparecido da face da terra lusa, vinte seis mulheres vítimas da chamada violência doméstica, só no ano passado. E isto não é somente detalhe, nem o facto de ter descido o número de quarenta, em 2008, para este vinte seis representa algum motivo de orgulho. Orgulho seria não existir nenhum nestas circunstâncias. E isso seria, então, bom dia de comemoração.

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Domingo, 07.03.10
No final do ano de 1965, a taluda (a melhor do ano, como prenda no sapatinho) era confortável: 4 mil contos, no bilhete inteiro. A 'cautela' custava 18$00 e, por ela só, não dava acesso à 'sorte-mesmo-grande', mas ficava-se pelo prémio de consolação, caso fosse o 1º, uns quinhentos contos podiam ser arrecadados. Na mesma, uma pipa de massa.
Vem isto relacionado com a imagem lá de cima, sonegada do pura terylene virgem, onde as vedetas da época davam o seu comentário ao provável telefonema recebido de uma qualquer revista de então, perguntando o 'que fazia se lhe saísse a sorte grande'. Interessante que nenhum responde que compraria um carro, mas as casas, as viagens e a ajuda a quem necessitasse, essas continuam -teoricamente- actuais.

Créditos: imagem puraterylenevirgem.blogspot.com

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Alberto: o título não é meu, é só tradução, ok?
Convém esclarecer estas coisas logo de início. Nunca se sabe se não virei a ser algum presidente de uma qualquer sociedade de desenvolvimento das ilhas desertas.
Todos os filmes do 'The travel film archive' são engraçadíssimos (já por aqui coloquei outros) e quando toca a este nosso luso quintal, ainda sabe melhor, visto à distância de 60 ou 70 anos.
Ide então ver e ouvir a conduta pouco ecológica do capitão Zarco ao queimar a madeira -aqui entenda-se árvores- por sete anos, as bordadeiras que só depois dos seus afazeres domésticos é que se dedicam à arte do bordado ou ainda, a particular astúcia e engenho dos britânicos nas coisas de fazer negócio, pois claro. Nessa perspectiva, não fossem eles ainda éramos capazes de estar a arrancar penas à gaivotas para escrever.



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Sábado, 06.03.10

Para os padrões actuais, até pela orientação, poderá parecer um pouquinho estranho este mapa de F.Álvares Seco, matemático e cartógrafo português, que o criou em 1560. Não nos esqueçamos: no séc.XVI os satélites não passavam de um esquisso num couro curtido e a internet tinha ainda problemas de ligação de ideias. Chalaças à parte, é o Portugalliae, que olim Lusitania, nouissima & exactissima descriptio um documento soberbo admitindo tratar-se do primeiro mapa de Portugal. Interessante a referência, visível na imagem, a 'forno de vidro' nas imediações da Azeitão/Coina, talvez -e não sou historiador- no local predecessor da Real Fábrica de Vidros de Coina. A ver com muito mais detalhe aqui. Tanto assim é que Abraham Ortelius, dez anos depois, o incluiu no seu, igualmente pioneiro, atlas do mundo de então: o Theatrum

Créditos: imagem wdl.org


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Terça-feira, 02.03.10

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […]

'Pátria'- Guerra Junqueiro, 1896


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Sexta-feira, 26.02.10

Portugal a pé, uma viagem do jornalista Nuno Ferreira pelos recantos, estradas e caminhos deste nosso quintal.

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Quinta-feira, 18.02.10
[...] Corre-se, aliás, o risco de a acção imediata sobre os salários públicos e as prestações sociais poder ser imposta, na prática, pelos mercados externos devido ao peso decisivo na estrutura dos gastos (75% da despesa primária em 2009 ) [...]

Salários: boa questão. Talvez analisar primariamente os banais vencimentos de quadros de topo de empresas participadas do Estado, daqueles tipo 2,5M€/ano, por exemplo. Mas se calhar, são capazes de se querer referir, ilustrando, a um qualquer Professor e director de agrupamento vertical de escolas de ensino secundário com trinta anos de carreira, com uma base salarial do tipo 'excessivo' de 1.800 €/mês.
O excerto do texto lá em cima faz parte do último relatório do grupo de reflexão, da SEDES, constituído pelos denominados notáveis da economia.


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Terça-feira, 16.02.10
Nomes difíceis dados por quem sabe: os paleobotânicos. É um tronco. Simplesmente com uma particularidade e, esta, faz toda a diferença: tem cinco milhões de anos e está petrificado. E onde se encontra este 'calhau rolante' que terá sido no seu tempo uma espécie de anoneira? No Geopark/Naturtejo.
Não é o único por cá, outros existem publicamente expostos. Mas o ancião de todos eles -e dos melhores em todo o mundo- está enterrado, desde os anos cinquenta, ali para a zona de Torres Vedras e tem um nome ainda mais complicado para aquilo que terá sido um longínquo antecessor dos actuais abetos: o protopodocarpoxylon teixeirae. A provecta idade aponta para mais de cem milhões de primaveras. A autarquia de Torres Vedras tem feito como a avestruz ou como o actual estado do tronco silicificado: enterrou a cabecinha na areia e não ouve quem percebe da matéria. O post do Prof. A.Galopim de Carvalho explica a situação.

Créditos: imagem naturtejo

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publicado por LMB às 21:20 | link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 15.02.10
Não sou especialista na matéria, por isso, tecnicamente, não sei avaliar se as toneladas de areia e pedra colocadas na Costa de Caparica cumprem o propósito ou não. O que sei, é que pelo menos, à vista desarmada algo mudou para melhor a montante do areal, pelo menos a partir do clássico e benfiquista -acho- restaurante 'O Barbas' e onde a imagem reporta. Os bares e restaurantes afinam pelo mesmo diapasão estético, todos com ar muito 'chill out' mas inegavelmente melhor do que o abarracamento que durante décadas por ali se manteve. O preço de uma bica, também ele é chill out: tanto pode ser 1 'aéreo' como ficar pelos sessenta cêntimos: em ambos os casos -e outros intermédios- a vista é a mesma, seja do sofá (quase cama) ou da clássica cadeirinha de esplanada. É só mesmo custos de exploração, portanto.

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Quinta-feira, 11.02.10
Tudo se passou em Abril de 1910: Pierre Émile Taddeoli, aviador suiço, trouxe até Belém o seu avião Blériot-XI 25 cavalos para a Festa da Aviação. A coisa correu mal e uma aterragem de emergência teve de ser feita tecnicamente apontada para a então praia de Pedrouços, mas mesmo esta falhou, acabando no telhado da casa da lusa peixeira Oliveira, ferindo a filha desta, de oito ainitos, a Benvinda Oliveira. A mãe não se ficou pelos ajustes e pediu uma indemnização de três mil réis por privação de trabalho e consequente apoio familiar. O caso acabou, por isso, na justiça, sendo a primeira acção judicial portuga motivada por danos causados pela aviação.
Este e outros episódios, na excelente edição deste mês da 'Visão História- Portugal há 100 anos'.

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Há gestores para quem a agenda é uma confusão.
Pois sim. Acreditamos todos.

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