Por exemplo.
Estes debates entre líderes de partido, em vésperas de eleições legislativas, não acrescentam nada de novo. Discursos repetitivos, troca de acusações, 'mimos' vários e às vezes, vá lá, uma tirada interessante sobre um ou outro assunto.
Fica-se com a sensação que nada de novo vai acontecer.
Se entendermos este país como uma pequena empresa, que, na prática não anda longe disso, o candidato a primeiro ministro (m/f) será sempre uma espécie de CEO com vários 'gestores de contas' de departamentos mais ou menos rentáveis.
Mas, e se em vez de eleições puras e simples fosse antes feito por um género de concurso público internacional e analisado o candidato -nacional ou não- sob o ponto de vista curricular/empresarial ?
Como seria, continuando no campo meramente hipotético, um grego a comandar os destinos desta lusa empresa? Ou um colombiano? Ou um francês?
Na verdade, não seria nada de original. Há mais de um século atrás,
um francês que odiava monarcas, acabou, por convite, sentado no trono sueco. Simplesmente porque era bom naquilo que fazia e à falta de 'prata-da-casa' foram buscá-lo a sul.
Sempre seria, por cá, uma inovação.
“A Arquitectura entrou na decadência quando deixou de ser tectónica para se tornar em simples técnica” -R.L. ao D.N. '53
Raúl Lino (1879-1974), já o tinha dito antes, é, de facto, o meu Arquitecto de referência, por diversas razões: gosto do estilo, gosto do traço, gosto dos materiais, gosto da integração que sempre soube genialmente fazer.
O Arq. José Cornélio da Silva, descreve-o assim: [...]'Raul Lino considerou sempre que a Beleza era a expressão material do Bem, e como profundo admirador da natureza, nela colhia a subtil sabedoria que a fazia tímida e inocente. Optou por isso criar um afastamento à arquitectura positivista dos maquinismos, representante do triunfo da burguesia, procurando os valores estéticos e nobres que sempre uniram na mesma dignidade a genuína arquitectura popular com a grande arquitectura erudita.[...] Na busca das tradições da Casa Portuguesa, inspirou-se igualmente na arquitectura popular como nas soluções edificadas com conhecimento arquitectónico. Procurando uma nova síntese que satisfizesse as novas necessidades da sociedade portuguesa moderna, mas que se integrasse na grande continuidade que edificou o país e frutificou a sua cultura de “topos” isto é, a sua expressão regional.'[...]
[...]'Assim, pela variada obra como artista, arquitecto e pensador, Raul Lino ocupa um lugar destacado na galeria dos varões ilustres lusitanos, mas também na dos humanistas e profetas do nosso século que denunciaram o afastamento dos povos das suas raízes, da sua cultura e do seu “solum”, isto é do seu território. Nas conclusões que hoje podemos formular em virtude da experiência havida, não podemos deixar de verificar o rigor das análises e previsões de Raul Lino. Hoje que a fealdade se instalou, reflexo proporcional do mal de que transpiram as sociedades, as ideias de Raul Lino poderão raiar quase a inocência, para utilizar as expressões de uma crítica especiosa. É que Raul Lino soube manter sempre preservado um ingrediente que o trouxe mais próximo da sacralidade das coisas e representada numa consciência da inocência como património indissociável do Belo.'[...]
'A Nossa Casa - Apontamentos sobre o bom gosto na construção das casas simples'-RL