A iniciativa de
limpar Portugal num dia é, sem margem para qualquer dúvida, excelente. Penso, se a memória não me atraiçoa, que terá sido na Estónia onde a iniciativa mobilizou um sem fim de gente acabando num saldo positivo onde mais de 80% das florestas do país ficaram num brinquinho. Por cá, o muito que se consiga limpar nunca será o suficiente para libertar as florestas, bosques ou qualquer espaço verde pouco maior que um quintal da praga que é a imbecilidade de alguns, porque no dia seguinte -se não no mesmo- alguma carcaça de televisor, colchão ou saco de lixo aí estará, porque na mente imunda '
alguém há-de limpar'.
Nenhum parque natural escapa: o da Arrábida é disso um imundo exemplo. A começar nas praias e a acabar no topo da serra de S.Luís. Setúbal é uma cidade porca, com todas as letras.
Lisboa, não lhe fica atrás, embora não sirva de consolo. As autarquias gemem porque não têm dinheirito, mas gemem sempre; alegram-se em idiota expansão imobiliária no típico vale-tudo. Dizem não ter verbas, mas nada fazem para que as coimas que apregoam sejam efectivas. As cidades são feitas de gente e estas fazem as cidades. Pescadinha de rabo na boca.
Portugal e alguns portugueses precisariam de facto de uma grande, enorme limpeza de primavera. Sobretudo mental. O que gostamos mesmo é de escarreta no chão.