Em 1910, o dia 8 de Março instituiu-se como o '
dia da Mulher'. Cem anos, portanto.
Um século depois há ainda muito por corrigir, seja na atitude e no constante rótulo de 'ineficácia' -seja qual for a cor do cabelo- na fraca -premeditada pela outra metade- representação em cargos públicos ou empresarial seja ainda pela omissão na memória histórica, de muitas delas com relevo, que, para alguns convém até que se quedem pelo forçado esquecimento.
Claro que, se entre essas, existirem medidas padronizadas
86-60-86, então o esquecimento dá lugar a
poster de garagem e aí toda a gente se recorda. Cruel e redutora, a ditadura do corpo, passa pelo bonitinho olho azul, o cabelito louro e um peso-pluma que não exceda os quarenta e cinco quilos. Este é o padrão de cobrança da sociedade; algo tipo '
reservado o direito de admissão'.
A posição cretina de algum '
mundo macho', que insiste na aberrante marca social da inferioridade feminina, não mudou radicalmente ao
fim de um século. Se tivesse efectivamente mudado dessa forma, não teriam desaparecido da face da terra lusa, vinte seis mulheres vítimas da chamada violência doméstica, só no ano passado. E isto não é somente detalhe, nem o facto de ter descido o número de quarenta, em 2008, para este vinte seis representa algum motivo de orgulho. Orgulho seria não existir nenhum nestas circunstâncias. E isso seria, então, bom dia de comemoração.