No final do ano de 1965, a taluda (a melhor do ano, como prenda no sapatinho) era confortável: 4 mil contos, no bilhete inteiro. A 'cautela' custava 18$00 e, por ela só, não dava acesso à 'sorte-mesmo-grande', mas ficava-se pelo prémio de consolação, caso fosse o 1º, uns quinhentos contos podiam ser arrecadados. Na mesma, uma pipa de massa.
Vem isto relacionado com a imagem lá de cima, sonegada do pura terylene virgem, onde as vedetas da época davam o seu comentário ao provável telefonema recebido de uma qualquer revista de então, perguntando o 'que fazia se lhe saísse a sorte grande'. Interessante que nenhum responde que compraria um carro, mas as casas, as viagens e a ajuda a quem necessitasse, essas continuam -teoricamente- actuais.
Convém esclarecer estas coisas logo de início. Nunca se sabe se não virei a ser algum presidente de uma qualquer sociedade de desenvolvimento das ilhas desertas. Todos os filmes do 'The travel film archive' são engraçadíssimos (já por aqui coloquei outros) e quando toca a este nosso luso quintal, ainda sabe melhor, visto à distância de 60 ou 70 anos. Ide então ver e ouvir a conduta pouco ecológica do capitão Zarco ao queimar a madeira -aqui entenda-se árvores- por sete anos, as bordadeiras que só depois dos seus afazeres domésticos é que se dedicam à arte do bordado ou ainda, a particular astúcia e engenho dos britânicos nas coisas de fazer negócio, pois claro. Nessa perspectiva, não fossem eles ainda éramos capazes de estar a arrancar penas à gaivotas para escrever.