Mebocaína, precisa-se. GG já não tem a voz de outras alturas, talvez agastada entre vereações de câmara e ministério da cultura brasileiros, mas fica a memória de outros tempos em palco. Mas numa coisa ele tem toda a razão: o compadre em palco- Celso Fonseca- discretamente tem 'saído da casca', se bem que já ande nas andanças musicais há décadas e com gente de peso. Mas lá está: há aqueles que preferem um tranquilo low profile aos biquinhos de pés. (e como eu conheço gente em pontas) Do Celso, aparecerá por aqui, neste socialíssimo caderno diário 'la più bella del mondo', de um álbum de nova-bossa-nova e que excepcionalmente me agrada: como o próprio diz 'é bom para meter chinelo no pé e relaxar'.
[...] Corre-se, aliás, o risco de a acção imediata sobre os salários públicos e as prestações sociais poder ser imposta, na prática, pelos mercados externos devido ao peso decisivo na estrutura dos gastos (75% da despesa primária em 2009 ) [...]
Salários: boa questão. Talvez analisar primariamente os banais vencimentos de quadros de topo de empresas participadas do Estado, daqueles tipo 2,5M€/ano, por exemplo. Mas se calhar, são capazes de se querer referir, ilustrando, a um qualquer Professor e director de agrupamento vertical de escolas de ensino secundário com trinta anos de carreira, com uma base salarial do tipo 'excessivo' de 1.800 €/mês. O excerto do texto lá em cima faz parte do último relatório do grupo de reflexão, da SEDES, constituído pelos denominados notáveis da economia.
Nomes difíceis dados por quem sabe: os paleobotânicos. É um tronco. Simplesmente com uma particularidade e, esta, faz toda a diferença: tem cinco milhões de anos e está petrificado. E onde se encontra este 'calhau rolante' que terá sido no seu tempo uma espécie de anoneira? No Geopark/Naturtejo.
Não é o único por cá, outros existem publicamente expostos. Mas o ancião de todos eles -e dos melhores em todo o mundo- está enterrado, desde os anos cinquenta, ali para a zona de Torres Vedras e tem um nome ainda mais complicado para aquilo que terá sido um longínquo antecessor dos actuais abetos: o protopodocarpoxylon teixeirae. A provecta idade aponta para mais de cem milhões de primaveras. A autarquia de Torres Vedras tem feito como a avestruz ou como o actual estado do tronco silicificado: enterrou a cabecinha na areia e não ouve quem percebe da matéria. O post do Prof. A.Galopim de Carvalho explica a situação.
Não só por isto mas também, que desde há muito que prefiro os trinta minutos de informação noticiosa da RTP2 às 22h que estes 'telejornais' das oito da noite seja lá que canal for dos três restantes. Fazer 'um directo' como se em Montemuro ou na Guarda nunca tivesse nevado e, pior ainda, como se fosse um autêntico bloqueio de gelo siberiano, perguntando questões tão tontas às gentes locais como: 'e como esta neve como é que arranjam mantimentos?' ou bonitas frases -a partir da Guarda- do tipo 'a neve já não está nas ruas, mas continua agarrada aos automóveis' é realmente hilariante. E recorrente. Recomendo vivamente a esta gente das edições noticiosas que leiam p.e. 'Terra fria' de Ferreira de Castro. É que já nevava dantes. À falta de notícias sobre cefalópedes sirva-se a neve batida.
Não sou especialista na matéria, por isso, tecnicamente, não sei avaliar se as toneladas de areia e pedra colocadas na Costa de Caparica cumprem o propósito ou não. O que sei, é que pelo menos, à vista desarmada algo mudou para melhor a montante do areal, pelo menos a partir do clássico e benfiquista -acho- restaurante 'O Barbas' e onde a imagem reporta. Os bares e restaurantes afinam pelo mesmo diapasão estético, todos com ar muito 'chill out' mas inegavelmente melhor do que o abarracamento que durante décadas por ali se manteve. O preço de uma bica, também ele é chill out: tanto pode ser 1 'aéreo' como ficar pelos sessenta cêntimos: em ambos os casos -e outros intermédios- a vista é a mesma, seja do sofá (quase cama) ou da clássica cadeirinha de esplanada. É só mesmo custos de exploração, portanto.
De bata branca vincada lá ia eu a caminho das primeiras letras e dos números da coisa estranha que dava pelo nome de aritmética. Da primeira Escola -a do lado direito da imagem- creio que o resta de símbolo é o 'pau da bandeira'; hoje está transformada -aparentemente- numa casa de habitação. Era, de facto, uma Escola minúscula com carteiras individuais com tinteiros de loiça, as imagens do costume nas paredes e um -esse sim- enorme quadro preto. Cá fora, o 'recreio' seria hoje chumbado por qualquer entidade fiscalizadora: não tinha qualquer protecção e o muro era mesmo esse que se vê mas sem a elevação junto aos contentores, embora os automóveis passassem quase de hora a hora, mesmo sem eles, volta e meia havia um penso colado. Melhor que aquilo só mesmo a 'arrastadeira' Citroën, que na rua em frente, estacionada de cansaço, fazia as delícias da rapaziada ao melhor estilo do 'Conta-me como foi'. Na 2ª classe a coisa melhorou substancialmente e dá gosto ver como está hoje preservada -na imagem da esquerda- mantendo as cores que me recordo. Mudou tudo à volta dela naturalmente e até nela própria por certo: já não deverá haver a distinção da porta da esquerda para os meninos e a da direita para as meninas, claro, em intervalos de recreio separados... Ah! e os estores também já não são em palhinha e de enrolar.
Para mim, Inverno, é isto mesmo: chuva, vento & frio. Detesto aquela humidade 'tipo-Filipinas' onde tudo e todos escorregam com uma chuvinha 'molha-tolos' e uma temperatura pegajosa a roçar os vinte graus, como aqui há umas semanas atrás. E hoje, cumpre os requisitos. Se bem que custe a acreditar e o efeito wind chill possa ter aqui o seu dedinho, o certo é que, onde esta imagem foi tirada, é a mesma estrada que daqui a quatro ou cinco meses, regista com facilidade as temperaturas de estio superiores a quarenta graus: Casais da Serra- Creiro, na serra da Arrábida. Hoje fica-se ao final da tarde por -1ºC ao som de 'Bunny' de Gerry Mulligan /Johnny Hodges.
Tudo se passou em Abril de 1910: Pierre Émile Taddeoli, aviador suiço, trouxe até Belém o seu avião Blériot-XI 25 cavalos para a Festa da Aviação. A coisa correu mal e uma aterragem de emergência teve de ser feita tecnicamente apontada para a então praia de Pedrouços, mas mesmo esta falhou, acabando no telhado da casa da lusa peixeira Oliveira, ferindo a filha desta, de oito ainitos, a Benvinda Oliveira. A mãe não se ficou pelos ajustes e pediu uma indemnização de três mil réis por privação de trabalho e consequente apoio familiar. O caso acabou, por isso, na justiça, sendo a primeira acção judicial portuga motivada por danos causados pela aviação.
Este e outros episódios, na excelente edição deste mês da 'Visão História- Portugal há 100 anos'.