'Esta terra he descober per mandado do muy alto exçelentissimo príncipe Rey don manuell Rey de portuguall a qual descobrio Gaspar corte Real cavalleiro da casa do dito rey, o quall quãdo descobrio mandou hÙ naujo com çertos omes e molheres que achou na dita terra e elle ficou com outro naujo e nunca mais veo e crese que he perdido e aqui ha muitos mastos'
Uma coisa é certa: quem documentou primeiro a Terra Nova, fomos nós: os portugas. Até podem ter lá estado antes os Vikings, os Ingleses ou os Espanhois, mas somente um povo soube fazer o 'trabalho de casa'. Corte-Real não se perdeu no mar à toa.
E depois, há o fiel amigo: o bacalhauzito. Em tempos austeros de abstinência ditada pela Igreja do séc. XVI e que em dias contados somavam quase 150, era complicado para quem não habitava perto da costa. Assim, havia um novo 'prato' (bem melhor que atum ou arenque) e não só seco ao pouco sol e muita ventania gelada como os Ingleses faziam na Islândia, mas sim, salgado, como só nós sabíamos fazer. O estranho é que, havendo pelo menos, 100 maneiras de o cozinhar, não haja nenhuma como "bacalhau à Corte-Real". Ou às tantas, ele nem gostava do bicho. Strictly business.
[..]Durante dois dias, o Nobel da Literatura português sentou-se no sofá e analisou o estado do mundo.[...] -D.N.
Volta não volta, um clássico tema volta à ribalta do pensamento: e se o nosso luso quintal integrasse o enorme jardim espanhol? Saramago, muito provavelmente, não será o único a pensar que, eventualmente, um dia isto possa acontecer e a Ibéria possa surgir como novo país. Para obviar o putativo cenário, Olivença já lá mora, o resto, é rápido.
Isto é tudo uma questão de perspectiva, como naquele spot televisivo de há uns anos sobre um whisky de nomeada, que dizia mais ou menos assim: para uns a garrafa está quase cheia, para outros, está praticamente vazia. Vem isto a propósito daquilo que hoje li no suplemento Digital do jornal 'Público' referenciando uma acção da Apple em parceria com a Fnac tida num destes últimos dias numa das lojas dessa cadeia, ao que convencionaram chamar 'Dia Apple'.
E o que li, não me parece, de todo, agradável; lá está: uma questão de perspectiva. Para mim, depreendo do texto jornalístico -versão impressa ligeiramente diferente da peça online- que não terá sido sucesso algum, mas para quem organiza, a opinião não é a mesma. Óbvio.
Todos nós sabemos, que nestas alturas, se a coisa não corresponde efectivamente àquilo que se esperava, o melhor será compor o 'ramalhete', dourando o quadro e até utilizando algumas palavrinhas mais ou menos longas e de menos rápida pronunciação como 'intuitividade' que sempre consome alguns segundos extra de algum neurónio e derivando depois para aquilo que parece ser o actual 'core business', de dicção e venda (agora) fácil e que se chama iPod.
Não há nada pior numa apresentação, sobretudo para quem está de frente para a plateia, que observar que aos primeiros acordes vocais, alguém se levanta, e outro e ainda mais outro, para abandonar o recinto. Variada sintomatologia pode estar associada a esta situação e, nem me cabe a mim diagnosticar, apenas recomendo, por clara experiência, um único 'antibiótico': Poder de Comunicação. Não tem contra-indicações (quer dizer: em alguns casos, pode causar desconforto) e pode tomar-se em doses generosas. O perigo de 'contágio' é alto, mas benéfico. Não raras vezes surge uma 'virose' pacífica do tipo 'apple-state-of-mind'.
Claro que me entristece saber que este tipo de eventos públicos com a 'nossa' Marca não correm de feição. Deveriam. Mas que diabo? 9 horas de show e em menos de 30 minutos 'conseguir-se' apresentar toda a suite iLife e ainda sortear 3 iPod, conforme está no texto do jornalista, é para mim, algo verdadeiramente surrealista, por parte de quem conduz/organiza essa apresentação.
Aprender, aprender sempre.- Vladimir Ilitch Ulianov
Nem sempre, mas acontece: boas peças de e-mail marketing. Este aqui, feito pela Tiempo BBDO para a EMSI é a prova disso. Email marketing não é só orientado para a venda de um determinado produto, pode, como este, dar a conhecer problemas de cariz social, que, em alguns casos, estando tão longe de nós, nem sequer pensamos que existem. Burkina Faso é o caso,
D.João II tinha mão pesada no que à quebra de sigilo dizia respeito. Sigilo, sobre a euforia dos descobrimentos, note-se. Não havia meia-medida: arrumava-se com o traidor em três (ou dois) tempos. Alberto Cantino, um diplomata-espião ao estilo 007, acantonado em Lisboa, reportava ao italiano Duque de Ferrara e este, homem de negócios, não gostava de não ter acesso à informação, sobretudo a lusa e, já agora, a castelhana de igual modo. Por isso, se havia novos negócios no mundo, Ferrara, queria saber.
Cantino, fez o que pôde e com paciência de quase um ano. Abriu também os cordões à bolsa, e disparou 12 ducados de ouro -não tenho câmbio para isto, mas seguramente seria uma pequena fortuna em pleno sec. XVI- e pagou a um cartógrafo, o qual, até hoje se desconhece o nome. Não houve inquérito, ninguém foi suspenso e, Cantino, conseguiu o mapita para o seu estimado Duque. O mapa, acabado em 1502, mostrava já e com precisão assombrosa o mundo descoberto: África sobretudo, o futuro Brasil, a linha do tratado de Tordesilhas, parte da costa da América do Norte (só reconhecida oficialmente uma década depois), a Ásia e até a recentíssima ilha de Ascensão, que à data, os navegadores ainda estavam de regresso. Coisa bastante precisa, portanto, e em três folhas coladas. O planisfério 'de Cantino' sobrevive na biblioteca do Duque até 1592, sendo nesta altura transferido pelo Papa Clemente VIII para um palácio em Modena até meados do séc. XIX. É por esta altura que convulsões políticas e pilhagens associadas fazem com que o planisfério desapareça. Mas não é o fim da história. Numa manhã de 1859, Giuseppe Boni, director da Biblioteca Estense de Modena, e, certamente acometido de um súbito desejo de um bom prato de salsichas enroladas em couve lombarda, entra numa salsicharia dessa cidade; espera-não-espera pelo salsicheiro, eis que repara na peculiar cortina de uma janela desse talho: já mutilado, não era nem mais nem menos que uma parte do célebre mapa de Cantino.
D.João II ganhou na globalização que inventou precocemente, Ferrara perdeu no talho.
'As famílias na toponímia de Azeitão', poderia muito bem ser o título do meu próximo livro. Há os 'Bronze', os 'Marques' e até este, que deverá ter tido extensão insular, tanto quanto eu conheço.
O imperador Pachacútec, no sec. XV, estava certamente longe de imaginar que num dia tão distante e carregado de simbolismo como o 7/7/07, a cidade Inca que construiu na Montanha Maior (tradução literal de Machu Picchu) nas profundezas da Amazónia e que ficaria esquecida durante três séculos, até ser redescoberta em 1911, iria ser reconhecida numa votação democrática e cibernética. Muito menos imaginaria que o mais genuíno agradecimento desse reconhecimento mundial iria caber a Edgar Miranda, Alcaide distrital de Machu Picchu. De todos, e sem 'playback' irritante e caprichos de vedetas menores, este Alcaide foi, para mim, a estrela maior de todos quantos venceram. Vale o que vale, mas são projectos interessantes: venha a mãe-natureza, agora.
Seguindo a 'linha de pensamento' histórico do post anterior, vi hoje que que está patente ao público, aquilo que penso ser, uma bela exposição de pintura de D.Carlos I no Museu do Mar em Cascais. Pelo menos dura até Outubro, o que já não é mau em termos de calendarização. Sou um confesso admirador das obras de D.Carlos I e, se muitos o julgam como um exímio amador, eu, considero-o um verdadeiro artista. Gosto dos detalhes, gosto dos temas, gosto da luz que ele tão bem soube aplicar em muitas obras e depois há o mar, quase sempre presente.
Não fosse ter entrado mal no seu reinado e colocado de cócoras ao ultimato inglês, não fosse o Buiça, o Costa e a Carbonária, se calhar tudo teria sido diferente e o homem teria continuado a sua artística obra e talvez trabalhado artísticamente a continuidade do seu reinado. Mas pronto: rei morto - rei posto. Fica a obra para quem gosta do monarca pintor Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha. Não é uma colectiva, é só mesmo ele.
LCM tem um verdadeiro menu de blogues; um deles e dedicado ao neto (que segundo a última informação já ultrapassou em tamanho, peso e nº de sapato o próprio avô e olhem que é preciso muita 'adubagem' para o conseguir) versa sobre História. Não de encantar ou adormecer, mas aquela que é parte integrante da terrinha onde vivemos.
São anotações, como o próprio o diz, mas mesmo assim, há matéria que não se fica somente pela simples nota tirada como apontamento pontual. Não sei se esta inspiração se tornou mais acesa desde que há alguns anos se mudou para o 'reino dos Algarves' ou se a influência já terá vindo desde Lisboa, onde a rua onde morava tinha já nome de nobre, mas daquele que, desalvorado, perseguia um veado ali pelas bandas da Nazaré até que a sua montada (com um soberbo ABS à época) estacou mesmo à beira da escarpa. Mas sei, naturalmente, que estes temas históricos sempre o interessaram. E até aposto que a prosa corre melhor entre as 2 e as 6h da manhã. Quem disse que reformar, é ficar de papo p'ro ar?
Foi o que faltou ler nas condições de aquisição via AT&T no dia do lançamento do iPhone em terras do tio Sam. 'xicos-espertos' (nem sei o feminino existirá) há em qualquer lugar do mundo, mas pagar $800 pelo primeiro lugar numa fila, na expectativa de poder levar uma palette de iPhone, é que não lembra ao diabo. Só lembrou a esta aqui, como a FOX noticia. O azar de uma, foi a sorte de outro.