Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2006
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Sim, meu filho, o homem é pau para toda a colher, desde que nasce até que morre está sempre disposto a obedecer, mandam-no para ali, e ele vai, dizem-lhe que pare, e ele pára, ordenam-lhe que volte para trás, e ele recua, o homem, tanto na paz como na guerra, falando em termos gerais, é a melhor coisa que podia ter sucedido aos deuses[...]
(José Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo)R era laica por natureza, digo "era", porque hoje em dia já não é. No meio do enorme tropeção que é a própria vida, R, encontrou, de algum modo, o óasis mais ou menos tranquilo da elevação espiritual que lhe permitiu ver a vida de outra forma. Provavelmente ainda não a transformou (a vida) mas, pelo menos, permitiu aperceber-se que nada vem por acaso. Nunca vem.
R é uma mulher combativa, amiga de quem quer ser, sempre pronta para uma boa discussão (no melhor sentido do termo), interventiva, mas com o narizito às vezes demasiado empinado. Empinanço esse que o call center celestial lhe fez ver que deveria adubar menos. Parece ter surtido efeito, segundo a própria.
Últimamente, R, tem estado muito calada, mas acho que só pode ser pelo combate revolucionário de nova vida. Fiat Lux!
JM, quase com meio século de existência, descobriu a sua veia artística. De onde se conclui que o dito dá-se por dito: nunca é tarde para aprender.
Devaneios à parte das artes, e após grande percurso por pomares tecnológicos, pensou duas (ou vinte e duas) vezes e viu que, afinal, o modelo de negócio bem mais saudável, não passava por bits & bytes, circuitos integrados e part-numbers tipo número de telefone com prefixo internacional, mas sim, por coisas algo mais criativas e ainda por cima, vendáveis. Suja as mãos na mesma; não no spray de óleo para o tray do CD emperrado, mas nas massas de modelar, na fusão de vidro, nas marteladas no estanho e outras coisas mais ou menos estranhas, mas com resultados surpreendentes.
JM, é como os antigos UMM: não arranca depressa, mas uma vez a rolar, a coisa não vai abaixo. Às vezes, precisa de empurrão. É aí que entra IN a sua "empurrão-mor" de serviço. Para que a coisa não falhe.
É inventivo, às vezes até demais. Não inventou a arte de dar a volta, mas deu a volta à arte. E é por isso, que, por partes, abriu a Arte & Devaneios para as bandas de Alcochete. 'bora lá ver.
ZZZ é um poiso de trabalho onde pouco ou nada de bom acontece. ZZZ é um género de feudo governado por uns artistas do arame sem rede; muito embora não exista classe oprimida, há, sim, classe ofendida.
Para os artistas do arame sem rede, isso pouco ou nada importa, porque, lá está, pouco ou nada de bom acontece. ZZZ é um poiso de trabalho redundante, como este texto.
Alguns poucos pensam que ZZZ obedece à nova vaga dos não menos novos "métodos de (di)gestão", outros, menos ainda, pensam que ZZZ é sexy. Outros, muitos, não pensam absolutamente nada, porque ZZZ não tem realmente importância alguma, hoje em dia.
É caso para parafrasear Karl Valentin (1882-1948)na sua peça de teatro: "E não se pode exterminá-lo?"