O conde d'Armand, diplomata francês, era um homem de bom gosto. Tanto assim é que escolheu
St.Yves (i.e. Setúbal) para acolher a sua casa. Não uma casa qualquer, uma c-a-s-a
comme il faut, debruçada sobre a foz da Ribeira da Ajuda, mesmo águas-meias com o Sado, na Quinta da Comenda.
Se bem o pensou, melhor o encomendou. E encomendou justamente essa ideia a Raúl Lino, esse 'meu' arquitecto de referência,
mas sobre ele escreverei em outro
post.
Conta-se que o conde d'Armand terá pedido a Raúl Lino, que antes de projectar a ilustre casa da Comenda, passasse uma noite ao luar, naquele local, para que se embebesse de inspiração; e não terá sido 'lenda', porque um dos jornais locais da época (1903-
Gazeta Setubalense) escreve sobre o assunto.
Não sei se terá sido o luar ou o local, ou ambos, mas o projecto materializou-se num belíssimo palacete e numa localização única.
Hoje em dia, essa propriedade, conservada, já não pertence à família francesa, mas sim ao industrial A.Xavier de Lima. Lembro-me, porém, de há largos meses ter visto no
website da empresa que preside, a venda do propriedade por um valor estonteante, no entanto, nada que dois ou três
jackpots do
Euromilhões não cobrissem.
Ainda hoje por ali passei e de certo modo, não é gritante a transformação, mais de cem anos decorridos, o que é positivo, no meu ponto de vista.
De resto, as duas fotos de cima são sensívelmente da mesma altura (1903) ; uma apresenta a casa da Quinta da Comenda e a outra é uma vista parcial sobre a praia do Creiro e a pedra da Anicha, e não há muitas diferenças entre o
passado e o presente.