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You know a design is good when you want to lick it', disse Steve Jobs.
Para lá da mestria de um bom desenho e da forma apelativa que possa evidenciar, o objecto, tem de proporcionar mais do que salivar por ele; tem de ter impacto social de igual modo.
Não deve haver ninguém neste planeta que não tenha, pelo menos, pegado numa esferográfica, essa invenção de trazer no bolso que começou por ser um objecto significativamente maior e para marcar couro, nos idos de 1888, inventada por John Loud, um americano que fazia dos curtumes o seu negócio. Nunca foi intenção dele ter aquela enorme esfera de metal presa a um pau, para a escrita diária. O objectivo foi outro, mas o conceito estava lançado.
Lançado até, décadas mais tarde, o jornalista húngaro
Laszlo Josef Biro ter reparado que podia haver uma oportunidade de negócio por via da secagem rápida de tinta. Junto com o seu irmão Georg, químico por profissão, desenvolveram o prótotipo de caneta com esfera metálica que recolhia tinta de um pequeno depósito sem necessidade de voltar a encher.
Azar na altura, porque a Hungria estava nos planos de ocupação alemã na primavera de '44.
Biro e Georg escolhem a Argentina como asilo e conseguem patentear a sua invenção ainda em 1943.
A
R.A.F. britânica escolheu essa caneta para os seus pilotos, já que funcionava muito bem a alta altitude.
O sucesso foi tanto que a
Eversharp Co aliou-se à Eberhard/Faber (esses mesmo, os dos lápis) para adquirirem os direitos exclusivos da revolucionária caneta com uma mega campanha publicitária e nome novo para o produto: Eversharp CA
Azar de novo. A patente falhou no maior mercado na altura: os EUA.
Como há sempre um mais esperto, Milton Reynolds, empresário norte-americano, de visita a Buenos Aires, repara na caneta à venda numa loja argentina. Resolve então tirar partido da não aceitação da patente anteriormente apresentada nos EUA e desenvolve o seu próprio prótotipo colocando-a à venda no Gumbel's em Nova Iorque, antes que a Eversharp tivesse ainda percebido onde teria falhado no processo. À venda por pouco mais de doze dólares (um valor substancialmente mais elevado no 'dinheiro de hoje') obviamente, o 'american dream' fez mais um totalista.
Foi sol de pouca dura, já que em 1948, cinquenta cêntimos chegavam para a adquirir.
Chega o novel plástico. E com ele, chega também
Marcel Bich. Marcel desenvolve um conceito de caneta super fina e ultra leve. Feita de plástico, tungsténio e prata niquelada, com esfera para escrita fina e/ou grossa, lança no mercado aquela que vai durar muito, mas muito tempo: a BIC.
14 milhões destas canetas são vendidas todos os dias no globo e para além disso, é aquela que conquistou o direito a figurar no
MoMA de Nova Iorque.
E o Steve? Bom, o Steve, disse '
I screwed up' referindo-se ao
Cube. Mas se a aceitação comercial deste não foi o esperado, o certo é que -lá está- é uma peça de design única. Este e mais cinco produtos de Cupertino também
figuram na exposição permanente do museu.